"Quando li o título desta mensagem, não tive dúvidas em reproduzi-la no blog, devido a fatos que ocorreram e ainda correm em meio as igrejas e inclusive a qual frequento". Breno Silveira
Paulo nos oferece o modelo completo de um ministro cristão.
Pastor vigilante, ele se preocupava sem cessar com o rebanho confiado a seus
cuidados. Ele não se limitava a pregar o Evangelho, e não cria ter completado
todo o seu dever em anunciar a salvação, mas seus olhos estavam sempre voltados
às Igrejas que havia fundado, seguindo-as, com um interesse zeloso, no seu
progresso ou declínio na fé. Quando ele tinha que ir proclamar o Evangelho
eterno em outras regiões, ele não cessava de velar pelo bem estar espiritual de
suas vibrantes colônias cristãs da Grécia e da Ásia menor, semeadas por ele em
meio às trevas do paganismo; e enquanto acendia novas lâmpadas na tocha da
verdade, ele não negligenciava aquelas que já flamejavam. É assim que, em nosso
texto, ele dá à pequena Igreja de Filipos uma prova de sua solicitude, lhes
dirigindo conselhos e advertências. E o Apóstolo não era menos fiel que
vigilante. Quando via pecado na Igreja, não hesitava em denunciá-lo. Ele não
lembrava a maioria dos pregadores modernos, que se vangloriam de não ter jamais
tido uma relação pessoal com seu rebanho ou jamais ter incomodado suas
consciências, e que põem sua glória naquilo que é enganoso; porque tivessem
eles sido fiéis, tivessem exposto sem impureza todo o conselho de Deus, teriam
infalivelmente, uma vez ou outra, ferido a consciência de seus ouvintes.
Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes eu
vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.
O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na
sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas. (Fil. 3:18,19).
Paulo agia totalmente diferente: ele não temia atacar
frontalmente o pecador, e não somente tinha a coragem de declarar a verdade,
mas sabia da necessidade de insistir sobre esta verdade: "Repetidas vezes
eu vos dizia, e eu vos digo ainda, que muitos entre vós são inimigos da cruz de
Cristo”.
Mas se, por uma parte o apóstolo era fiel, por outra ele era
cheio de afeto. Como todo ministro de Cristo deveria fazer, ele amava
verdadeiramente as almas sob seu encargo. Se ele não podia admitir que algum
membro das Igrejas colocadas sob sua direção se desviasse da verdade, não podia
mais ainda lhes repreender sem derramar lágrimas. Ele não sabia brandir a ira
com o olho seco, nem denunciar os juízos de Deus de maneira fria e indiferente.
As lágrimas brotavam de seus olhos, enquanto que sua boca
pronunciava as mais terríveis ameaças; e quando censurava, seu coração batia
tão forte de compaixão e amor, que aqueles a quem ele se dirigia não podiam
duvidar da afeição com que suas censuras eram ditadas: “Eu, repetidas vezes vos
dizia, e agora vos digo até chorando”.
Meus amados. A advertência solene que Paulo, outrora,
dirigiu aos Filipenses nas palavras de meu texto, eu as dirijo a vocês hoje,
para que entendam.
Temo que esta advertência não seja menos necessária em
nossos dias que nos tempos do Apóstolo, porque em nossos dias como nos dias do
Apóstolo, há vários na Igreja cuja conduta testemunha fortemente que são
inimigos da cruz de Cristo. Que posso dizer? O mal, longe de diminuir, me
parece ganhar terreno a cada dia. Há, em nosso século, um maior número de
pessoas que fazem profissão de fé que no tempo de Paulo, mas há também mais
hipócritas.
Nossas Igrejas, eu lhes digo para sua vergonha, toleram em
seu seio membros que não têm nenhum direito a este título; membros que estariam
bem melhor se postos em uma sala de festim, ou em qualquer outro lugar de
dissolução e loucura, mas que jamais deveriam molhar os lábios no cálice
sacramental ou comer o pão místico, emblemas dos sofrimentos de nosso Senhor.
Sim, em vão procurariam dissimular que há vários entre nós – (e se tu voltasses
à vida, ó Paulo. Quanto não te sentirias apressado em nos dizer, e quantas
lágrimas amargas não derramarias ao nos dizer!...) – que são inimigos da cruz
de Cristo, e isto porque o deus deles é o ventre, porque eles dirigem suas
afeições às coisas da terra, e sua conduta está em completo desacordo com a
santa lei de Deus.
Charles Haddon Spurgeon.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Antes de comentar, considere seu compromisso com a verdade e sua responsabilidade autoral.