O conceito de música gospel comercializada, bem como tudo o
que está intrinsecamente ligado a isso é algo deveras recente, e que a maioria
julga ser lícito justamente por não podermos encontrar um precedente bíblico
condenando-o.
Bem, todos concordam com a máxima de que a Bíblia é a regra
de fé e prática do Cristão. Agora, disso podemos definir qual pressuposto
adotamos para legitimar nossas práticas diante de Deus, seja elas quais forem.
Muitos partem da idéia de que, onde a Bíblia se cala, temos liberdade para
irmos em frente. Essa é uma posição problemática, uma vez que ao adotá-la, os
limites de até onde podemos ir deixam de ser visíveis. Aí começamos a
relativizar tudo, não mais enxergando a moralidade dos nossos atos e, logo, quando
a Bíblia não se pronuncia contra uma determinada prática – nesse caso,
transformar a música cristã em comércio – é perfeitamente legítimo irmos em
frente.
Bem, eu adoto um pressuposto contrário, o de que onde a
Bíblia se cala, então ali está o nosso limite.
Aqui cabe um outro ponto, e que para alguns pode parecer um
paradoxo. Sou a favor de que o cristianismo influencie a cultura – aliás, ele
tem feito isso desde sempre -, inclusive com a música. Acredito na legitimidade
da profissão de músico, assim como acredito na legitimidade de qualquer outra
profissão. Essa história de que música “só pode pra Deus” – só pode conter
temas bíblicos em sua letra – já devia estar morta e enterrada. Mas sabe quando
você se depara com uma situação e sente que tem alguma coisa ali que não está
certa? É esse o sentimento que tenho para com a música gospel, sobretudo a
brasileira.
Não vou entrar no mérito de fazer uma análise de alguma
letra pavorosa de algum grupo igualmente pavoroso. Críticas desse tipo
encontramos toneladas na web. Mas o sentimento que tenho é que estão deformando
a cada dia o propósito do louvor e adoração a Deus através da música. Isso está
sendo feito de duas formas, a saber, (1) com a má qualidade que é empregada
algumas vezes na criação de letras e melodias e (2) com a comercialização
obscena desse meio que pretende levar, da sua forma, as boas novas.
Sei que a música é um veículo maravilhoso, que tem o poder
de quebrantar o coração de quem ouve, seja pela sua melodia, seja pela sua
letra e muitos já devem ter sido atraídos a Cristo por meio dela. Mas
definitivamente o evangelho de Cristo não depende da venda de cds gospel e de
shows lotados de mega bandas.
Quem sabe no futuro, quando as grandes gravadoras/produtoras
musicais estiverem extintas pela cada vez mais popularização da independência
musical facilitada pela internet, sobrevivam cada vez menos os que fazem parte
da “banda podre”.
Será que isso um dia isso realmente pode acontecer? Só Deus
sabe. Eu estou aqui na torcida. Uns três ou cinco anos de nenhuma venda de cd
gospel e nenhum show da mesma linha faria um bem para igreja de Cristo aqui
Brasil. Já pensou os ministros de louvor da sua igreja tendo que suar a camisa
para compor uma canção com o intuito de louvar a Deus no domingo?
Enfim, não tenho a pretensão e presunção de, com algumas
linhas, abordar o tema de forma exaustiva ou mesmo colocar um ponto final no
assunto. São apenas pensamentos que eu realmente gostaria que você
considerasse.
Fonte: BIBO TALK
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