Tá, eu exagerei um pouco no título. Dizer como é o modelo
“perfeito” de Igreja é a coisa mais idiota que alguém pode fazer. A diversidade
cultural refletida nas mais diversas formas litúrgicas, são uma das coisas mais
belas que há no Corpo de Cristo. Na verdade pretendo apontar como a observância
dos fundamentos nos guia para longe do ativismo e da paranóia por resultados.
O maior patrimônio da Igreja deve ser a Palavra. Ela é o
centro de tudo. O grande espetáculo deve sempre ser sua explanação através das
mais diversas formas. Ninguém está acima das Escrituras. Nenhuma experiência
deve ser considerada se não estiver em conformidade com a revelação SUFICIENTE
que a Bíblia nos traz. Como afirmou Lutero, “Qualquer ensinamento que não se
enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres
todos os dias“.
O Governo da Igreja deve ser exercido por pessoas dignas,
maduras e capazes de aplicar os princípios bíblicos à vida da comunidade.
Direção profética é discernir o que a própria Escritura nos dá como direção.
Não é ficar correndo atrás de profecias anencéfalas, de adivinhações ou de
promessas de crescimento. A Igreja também não é uma democracia. O que importa é
a fidelidade aos fundamentos bíblicos. A voz do povo não é a voz de Deus. Porém
é importante que o governo seja exercido na pluralidade. A Igreja é de Cristo.
Nós somos apenas mordomos.
Ministérios (ou departamentos) nunca devem estar acima das
pessoas. Os dons devem ser valorizados e cada um deve encontrar o lugar onde
pode exercer tais dons de maneira efetiva no Reino de Deus. A idade não é um
fator determinante para nenhum tipo de trabalho. O que importa é a vocação,
dedicação e experiência. Também não há ministério “melhor” que outro. Por isso
é aconselhável que os que ensinam colaborem também com o transporte do som ou a
limpeza do local. De vez em quando faz bem, pra não se esquecerem que somos
todos iguais.
Levita é o judeu que nasceu na tribo de Levi. Você não é um.
Aceite isto.
Adoração é tudo que o cristão faz com excelência. Música é
apenas uma ínfima parte do que utilizamos para adorar a Deus. Dá perfeitamente
pra vivermos sem bandas de louvor. Não seria tão legal, mas ainda sim seria
possível.
A agenda da Igreja deve ser leve. Não precisamos ocupar o
tempo das pessoas com programações infinitas. Esse papo furado de que
“antigamente os cultos tinham 4 horas” não é uma justificativa racional. Se a
razão pela qual estamos reunidos for adequada, tenha certeza que as pessoas
irão ficar voluntariamente as mesmas 4 horas. Mas isto jamais poderá ser
conseguido com imposição.
Cultura é o meio ideal para a tradução das verdades eternas
do Evangelho de Cristo. Desprezar a cultura contemporânea é o mesmo que
enterrar dons. Não importa o que você pensa. O que importa é se as pessoas
estão recebendo um ensino claro e coerente sobre quem é Jesus e sobre o que Ele
fez por nós.
Não existe separação entre o santo e o profano. “Todas as
coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis;
antes o seu entendimento e consciência estão contaminados.” (Tito 1:15). Todas
as coisas foram criadas por Deus. O uso de tais coisas é que as faz serem boas
ou ruins.
O propósito do Evangelho é libertar pessoas. Ou seja, os
pastores devem trabalhar para se tornarem inúteis. Manter pessoas debaixo de
controle é mutilar a GRAÇA. Cristo não necessita deste tipo de pseudo-ajuda.
Mais atrapalha do que ajuda quem tenta resolver problemas com regras e
imposições.
Não precisamos esfolar pessoas por causa de dízimos e
ofertas. É claro que Deus é generoso de maneiras inimagináveis. Mas não podemos
nos esquecer que o favor de Deus não está condicionado à nossa fidelidade. Se
estivesse, estaríamos todos ferrados. Se envolver financeiramente na vida da
Comunidade (Igreja) é um dever do cristão. Mas se não houver uma motivação
adequada, tal pessoa estará apenas cumprindo mais um rito religioso oco e sem
poder algum. O propósito de todo ensino é sempre a transformação do
entendimento. Afirmar que dar dinheiro é mais importante que “entender” porque
o faz, é exatamente o que sustenta o sistema corrupto administrado por falsos
pastores inescrupulosos.
Unidade é a coisa mais importante na vida da Igreja. O amor
é o vínculo dessa unidade. Não precisamos pensar igual. Não precisamos
padronizar formas, pensamentos, condutas ou ideias. Apenas precisamos exercitar
o amor, de modo a encontrarmos acordo em todas as circunstâncias.
A Igreja é a comunidade que está acima das questões
políticas. Erramos ou acertamos juntos. Sempre. E se alguém militar algum
partidarismo, não compreendeu ainda os fundamentos da fé.
Fácil, né?
(há muito tempo não lia um texto contemporâneo tão esclarecedor e abençoador. Breno Silveira)